Ode ao Vento Norte


Luana Schrader

Que história trágica, mais uma vez fui a vilã e quebrei o seu coração. Sete minutos no inferno, abracei o diabo e na queda, fiz pacto com Lilith. Cair do penhasco e ver o fogo aveludado consumir o jardim do Éden, me parece tão saboroso quanto o seu amargo espanto no nosso confronto.
Amor, aqui jaz o meu coração e os presentes que me deu. Que o vento norte retorne e leve até você as suas súplicas dissimuladas, repletas de palavras tortas.
Ponha os óculos, sem as lentes cor de rosa, e observe os meus sentimentos carbonizados em meio ao asfalto. Vai, sinta o aroma de tulipa antes de dizer adeus. Não trema e não tema, apenas aproveite os raios de sol antes que as lâminas incrustadas nas minhas sedosas pétalas lhe rasguem, de dentro para fora.
Tudo o que vai não volta? Amor, vamos jogar um jogo e quando o vento norte soprar, prometo que realizo o seu último desejo e solto os cabelos, enquanto te observo de cima.
Não se preocupe com o sangue espesso que escorre pelo seu corpo, são as minhas lágrimas, não tão doces quanto chocolate, mas tão amargas quanto as suas mentiras.
Venha, vamos andar de mãos dadas mais uma vez, e me deixe lhe apresentar o Karma. Não é como dizem, ele não é uma vadi@, é apenas o meu álibi e a garantia de que o que o vento leva, ele traz de volta.
Não precisa me olhar assustado por trás dos vidros duplos, prometo que será tão rápido quanto o nosso “nós”.
Descanse em paz e veja o seu pedestal ruir. Não, não foi apenas um Tijolo que se partiu, esqueci de mencionar que eu tinha a fúria de um Tigre e você não sairia ileso da sua farsa.
Ah, meu amor, que breve história trágica você me proporcionou.

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Luana Schrader

E-mail: luanaschrader@yahoo.com

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